Política
Milton Coelho da Graça
Ter, 25 de agosto de 2009 19:11
Vamos deixar de lado esse papo furado de que o Brasil precisa estar preparado para a guerra. Não somos ameaçados por qualquer vizinho, nem sequer pela Argentina (o maior e mais rico deles); não temos questões fronteiriças com qualquer um dos dez vizinhos, graças ao fantástico e patriótico trabalho do barão do Rio Branco, que nunca precisou de canhão ou militares para conseguir isso - só papo e inteligência; em toda a América, só um país poderia ter capacidade e intenção de algum dia nos atacar, os Estados Unidos.
Milton Coelho da Graça
Ter, 25 de agosto de 2009 19:11
Vamos deixar de lado esse papo furado de que o Brasil precisa estar preparado para a guerra. Não somos ameaçados por qualquer vizinho, nem sequer pela Argentina (o maior e mais rico deles); não temos questões fronteiriças com qualquer um dos dez vizinhos, graças ao fantástico e patriótico trabalho do barão do Rio Branco, que nunca precisou de canhão ou militares para conseguir isso - só papo e inteligência; em toda a América, só um país poderia ter capacidade e intenção de algum dia nos atacar, os Estados Unidos.
Se isso um dia acontecesse, qualquer resistência por forças armadas convencionais, seria total idiotice, elas seriam dizimadas - mais ou menos como as iraquianas ou as afegãs.
Mas teríamos enormes possibilidades de fustigar os invasores durante muito tempo com uma guerra de guerrilha e - mesmo que até um terço dos brasileiros se comportassem vergonhosamente, como franceses, belgas e dinamarqueses diante da ocupação alemã na II Guerra Mundial, ou vietnamitas diante dos americanos e parceiros bobocas que os acompanharam -, obrigaríamos os invasores a manter aqui um exército de ocupação de, no mínimo, 500 mil homens a 10 mil quilômetros de distância. E quem mais se arriscaria a isso? Chineses ou indianos (a 20 mil quilômetros de distância)? Russos (também muito longe e com uma população em idade militar cada vez menor)?
Não estou dizendo nada de novo, esse raciocínio já foi feito em vários estudos de estratégia escritos por militares brasileiros nos últimos 50 anos.
Então, aqui entre nós, para que o Brasil quer dois submarinos (por sinal, já com tecnologia ultrapassada), por um dinheiro que significa o dobro do que o governo brasileiro consegue investir anualmente? E aviões de caça supersônicos, caros leitores, para quê?
Por favor me digam. A melhor contribuição que uma Força Aérea tem a dar ao país como o Brasil - gigante pela própria natureza e, infelizmente, ainda não por seus filhos - é estar preparada para ajudar na defesa civil e na proteção de nossas fronteiras contra traficantes de armas e drogas. E esses caças - russos, franceses, americanos ou suecos - não são adequados para essas missões.
O ministro Nelson Jobim deveria fazer uma pesquisa: que pensam os brasileiros sobre esse projeto megalomaníaco? Aposto que nem sequer registraria 10% de apoio popular e, pelo menos, 80% manifestarão a convicção de que se trata de um dos maiores jabaculês e/ou febeapás de nossa História.
(Para os mais jovens: o termo febeapá, criado pelo humorista carioca Sérgio Porto, que assinava suas crônicas como Stanislau Ponte Preta, era abreviação de Festival e Besteiras que Assola o País, após a instauração da ditadura militar em 1964)
"Cada arma fabricada, cada navio de guerra lançado, cada foguete disparado significa, no final das contas, um furto daqueles que sentem fome e não têm alimentos, daqueles que sentem frio e não têm agasalhos. Este mundo em armas não está apenas gastando dinheiro. Está gastando o suor de seus trabalhadores, o gênio de seus cientistas, as esperanças de suas crianças."
Dwight D. Eisenhower (1860-1969) presidente dos Estados Unidos (1953-1961) e comandante-em-chefe das forças aliadas na II Guerra Mundial.
Milton Coelho da Graça é jornalista
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